terça-feira, 8 de julho de 2008

Hortaliças

Adoro Rubem Alves. Ele tem uma relação maravilhosa com Deus, com a Natureza com as pequenas e grandes coisas do mundo. Conheci-o no meu primeiro ano de faculdade quando tive que ler " O Retorno E Terno". Achei que fosse mais um daqueles livros indicados e, que seria difícil sair do prefácio porque leria por obrigação acadêmica. Sempre lembro da Adélia Prado comentando que não gostaria que seu livro estivesse naquela lista do vestibular: "Gostaria que as pessoas lessem por prazer e, não por obrigação..." Naquele primeiro ano de faculdade, teria que fazer um trabalho valendo 15 importantes pontos... Me surpreendi: Li, reli e, passei para frente... Maravilhoso...

Um dia, apresentei-o ao meu avô, um devorador de livros. Ultimamente, confessou ele, tem selecionado o que quer ler. Me disse: "Não leio mais qualquer porcaria." Rubem Alves continua a acompanhá-lo. Rimos, nos divertimos, refletimos Rubem Alves. Da última vez que encontrei-o dei para ler, o livro: "Ostra Feliz Não Faz Pérola".

Sempre vou lembrar do meu avô quando "encontrar" Rubem Alves. Meu avô é, também, muito moderno. Lembrei-me agora que tenho que apresentar o Blog de Rubem Alves. Todos os dias, quando acorda lá no Macuco, a fazenda encantada, enterrada nas montanhas daqui de Minas, lê, na internet, notícias do Botafogo, seu time de coração. Aposto que o Blog fará parte da sua rotina.

Comecei essa postagem pensando no Macuco e, o motivo que me faz escrever sobre sabores de frutas. Tentei achar na net um trecho do livro acima onde Rubem Alves fala sobre o "humor" das frutas... Infelizmente, não encontrei. Quando chegar em casa vou folhear o livro para postar esse trecho... É delicioso.

Apesar disto compartilho com vocês o trecho dessa crônica - A Horta - do mesmo Rubem...

..."Uma amiga, cozinheira acostumada a cortar cebolas, um dia, ao prestar atenção na cebola que cortava levou um susto: nunca havia percebido que uma cebola era tão bonita: dezenas de anéis circulares, brilhantes, como se fossem um vitral de uma catedral. A cebola é tão bonita que Pablo Neruda escreveu um poema para a cebola, no qual ele se refere a ela como "rosa de água com suas escamas de cristal". Não é lindo? Experimente você mesma. Olhe para os legumes e hortaliças como se fossem obras de arte. Observe as formas, as cores, a ordem dos elementos numa espiga de milho, no tomate, no pimentão, numa cabeça de alho! As hortaliças não são só para serem comidas: elas são para serem vistas!

Junto à Horta crescia o pomar: Laranja, Mexerica, mamão, cidra, pitanga, uva, banana, limão vermelho, manga, jabuticaba, limão do mato, jambo, caqui... Felicidades: Uma jabuticabeira florida, perfumada, milhares de abelhas zumbindo! A forma e a cor da pitanga e do caqui! Uma laranja cortada ao meio, milhares de garrafinhas transparentes onde o suco está guardado!"

Isso não é delicioso? Se esse pomar estivesse no Macuco, teríamos que acrescentar, a Carambola, o Cupuaçu, a Lichia, a Cerejeira (vinda diretamente de uma floresta do Japão trazida por uma imigrante japonesa amiga da minha avó...). Segundo ela, na véspera da sua vinda, o pai entrou na "Floresta" para tirar a muda que veio no meio da bagagem... Velhos tempos aqueles... Mas com os mesmos sabores... Outras estórias...

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